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Lá estava ele novamente, seguindo pistas de seu próprio coração. Andando sem rumo certo por estradas cujo aspecto mudava conforme avançava. Às vezes assemelhavam-se a quadros impressionistas de Monet, cheias de verde e flores multi coloridas por todos os lados. Ás vezes eram apenas caminhos de barro desgastando a relva, ás vezes a areia fofa do deserto. Finalmente após dias de caminhada encontrou um lugar para comer, pequeno é verdade, porém simpático e ao menos parecia calmo.
Lá chegando explicou sua situação ao dono do recinto, disse-lhe q não havia dinheiro consigo, mas q cozinhava muito bem e concordava em cozinhar em troca de comida e abrigo. Senhor Jules Golfinho, o dono do recinto tinha a fama de justo e bondoso, concordou e mostrou-lhe seus aposentos para que pudesse guardar sua trouxa de pano cheia de roupas.
"_Qual seu nome meu jovem de chifres?" - Perguntou-lhe estendendo a mão com um grande sorriso bondoso. "_August DeMon"- respondeu apertando-lhe a mão com um sorriso igualmente sincero. Guardou seus poucos pertences e foi conhecer a cozinha.
Sempre que chegava a um novo lugar, notava q seu povo local tinha particularidades físicas e comportamentais, nesse caso as pessoas que freqüentavam a pequena taberna tinham traços de peixes.
Notou a garçonete, Grace Golfinho, filha de Jules, simpática e humilde, sempre distraída em pensamentos e devaneios, aproveitava qualquer parada no serviço para ficar olhando pela janela e pensando longe. Concluiu q essa deveria ser a forma dela de fugir dali, a imaginação.
Grace adorava aprender coisas diferentes, era uma alma livre, porém preso numa vida pacata. Queria fazer grandes feitos, escrever grandes peças de teatro, mas a realidade limitada de seu cotidiano lhe colocava para baixo de tal forma q nunca conseguia terminar de escrever uma peça sequer, mesmo se fosse teatro infantil. Considerava-se uma pessoa boa e justa de coração, nunca negara ajuda a ninguém, porém as pessoas negavam-lhe ate o bom dia. Esqueciam dela quando não mais precisavam.
"As pessoas julgam tudo o que vêem, diminuem-me por eu ser garçonete ao invés de imperatriz ou comerciante" pensava ela.
A verdade é q Grace era também muito sensível, chorava noite sim noite não pela falta de atenção dos clientes para com ela, por mais q sorrisse e dissesse bom dia, não passava de um funcionário para o povo dali.
Começou a filosofar imaginando um paradoxo entre a amizade e os pratos.
Cansada de apenas servir pratos-amizade às pressas às suas respectivas mesas, pensava a tempos numa melhor forma de servir ao mundo seu amor inesgotável, porém armazenado em um já amargurado e receoso recipiente em formato de coração. Muitas vezes perguntou-se o que seria a amizade, a conta obrigatória que seus clientes pagavam ou a gorjeta que, satisfeitos, lhe deixavam.
Sabia q o misterioso andarilho tinha fama de sábio, alguns diziam q ele era filósofo, outros um monge, outros q seria um bruxo, diziam também q ele era um demônio do pior tipo, mas quem não era quando provocado? Ele chamava mesmo atenção com sua roupa montada com peças de várias regiões, sinal de q deveria ter viajado por muitos cantos. Grace aproveitou a hora mais tranqüila do serviço e dirigiu-se a cozinha. Contou ao andarilho suas analogias filosóficas e reflexões sobre o amor própio, a amizade e a solidão. Tinha medo de q ele julgasse seus pensamentos, se ele não a ouvisse ninguém mais o faria. Curiosa, porém já sem esperanças, perguntou-o:
"_Andarilho, o que seria a amizade, a conta que se paga por obrigação, a gorjeta paga por bondade ou o almoço self-service?"
August continuou mexendo na panela de sopa com sua grande colher de pau e com seu já famoso ar calmo, com um silêncio demorado e um olhar perdido, como que buscando velhas lembranças respondeu-lhe com sua voz calma e emotiva:
"_Amor é mastigar de olhos e boca fechados para melhor sentir o sabor da comida, é saber que tudo é necessário para alimentar-nos internamente, independente do sabor, amor é o tempero aplicado aos alimentos na esperança de melhorar seu sabor.
Solidão é comer sozinho um prato para dois, pois se come demais, de menos ou sem vontade. Comer numa mesa com duas cadeiras e dois pratos esperando por alguém para jantar, alguém q nunca virá.
Amizade é quando se prepara um saboroso prato e se faz questão de convidar alguém para deliciar-se junto a tí. Alguns repetem o prato, alguns não gostam, outros são alérgicos, outros não vêem motivos comercialmente plausíveis para jantar em sua casa e só o fariam se fosse uma reunião de negócios.
Amizade verdadeira e justa é cozinhar para alguém e só voltar a fazê-lo se esse alguém oferecer-se a ajudar a lavar os pratos.
Já amor próprio, meu amigo, é quando perde-se a preguiça de ser servido e cozinhar para si próprio e passasse a fazer a própria comida. É passar deliciosos e preciosos minutos temperando uma salada para ser comida só tendo consciência de que antes de acertar a dosagem de temperos deverá errar muito, salgar muito ou de menos ou até mesmo comer cru.
Amor próprio é cozinhar sozinho para comer sozinho por saber que comida não só alimenta e sustenta o corpo como também, e principalmente, é uma fonte de prazer gustativo que alimenta a alma."
Grace escutou tudo de boca aberta, não sabia distinguir o que aquelas palavras despertaram, uma mistura de proteção, alegria eufórica e lição de moral. Sentia que havia aprendido uma grande lição. Só consegui esboçar um sorriso, tão grande e simpático quanto o sorriso de seu pai e August sorriram de volta.
Antes q ela pudesse dizer algo ele complementou:
"_Há muito tempo eu a observo a distância, sei q és bondosa e que usam-na por isso, acreditas em magia?"
"_Sim, acredito, mas de q tipo de magia vc fala?"
"_Do tipo de magia q faz milagres, q muda as pessoas, transforma homens em sapos e vice-versa"
"_Magia Negra?"
"_Não, pior, amor hahaha"
Ambos riram e ele finalizou:
"_Sabes q dizem q sou bruxo, não nego, também não afirmo, mas se vê magia nas palavras, cada texto será profecia, se vê magia no perfume de uma flor, um jardim será igreja!
_Vou profetizar algo, amanhã pela manhã terás lágrimas doces e conhecimentos concretos!"
Ela não entendeu o que aquilo queria dizer,mas concordou com a cabeça e agradeceu pela conversa, foi deitar-se sentindo-se mais leve. No dia seguinte foi acordar August para o desjejum matinal, mas viu q seu quarto estava vazio e havia uma carta em cima da cama. Ela correu para a cadeira de balanço onde seu pai estava sentado, fumando um cachimbo e balançando-se enquanto olhava o belo nascer do sol sob o lago.
Atônita pela ausência de August ela disse:
"_Pai, August..."
"_Isso mesmo filha, ele foi de manhã, agradeceu pela hospitalidade e disse-me q deixou uma carta para vc."
Ela correu tentando disfarçar as lágrimas emocionadas, apegara-se tanto a ele, aprendera com ele, não havia tido tempo de agradecer as palavras poéticas e filosóficas de August no dia anterior. Pegou a carta e leu:
Querida Grace,
"Se esta lendo esta carta é porque, como era esperado, eu parti, sempre parto quando gosto de alguém, é um mal habito que.. bem.. é um mal habito. Ás vezes temos uma longa jornada a calcar e gostar de alguém torna-se um peso, uma obrigação pesada demais para levar nas costas.
Fui em busca de meu coração perdido, mas antes fiz para vc uma oração, leia com atenção e fé, pois se acreditares no q lê, ira transformar o texto em um texto mágico. Ele diz respeito a sua forma de gostar e criar expectativas quanto aos outros. Lembre-se das palavras abaixo toda vez que alguém diminuí-la."
"Eu me amo de uma forma muito mais sincera, bonita e madura do que você poderia me oferecer.
O amor próprio é a auto-preservação agindo contra a auto-depreciação em forma de auto-proteção.
Arrogância, ódio e inveja são características úteis desde que se saiba assumi-las e usá-las como forma de aperfeiçoar-se no grande desafio da auto-aceitação.
A sinceridade desolante e melancólica de um suspiro é a força descomunal e desaceleradora de um bocejo. É um sinal de que seu corpo esta mudando de velocidade reacionária.
Você divide, soma ou apenas oferece sua amizade em uma límpida bandeja de prata para depois apresentar a conta?
Amor involuntário é bipolaridade,
amor incontrolável é histeria eufórica,
amor inesgotável é budismo gratuito e servido instantaneamente à mesa de criaturas geralmente afetivamente predatórias e egoístas."
Emocionada mais uma vez, Grace chorou, não podia conter as lágrimas em seu rosto, mas chorava de uma forma calma, plácida, de uma forma gostosa, finalmente havia compreendido a profecia que o demônio, ou melhor, August fizera no dia anterior.
Lá chegando explicou sua situação ao dono do recinto, disse-lhe q não havia dinheiro consigo, mas q cozinhava muito bem e concordava em cozinhar em troca de comida e abrigo. Senhor Jules Golfinho, o dono do recinto tinha a fama de justo e bondoso, concordou e mostrou-lhe seus aposentos para que pudesse guardar sua trouxa de pano cheia de roupas.
"_Qual seu nome meu jovem de chifres?" - Perguntou-lhe estendendo a mão com um grande sorriso bondoso. "_August DeMon"- respondeu apertando-lhe a mão com um sorriso igualmente sincero. Guardou seus poucos pertences e foi conhecer a cozinha.
Sempre que chegava a um novo lugar, notava q seu povo local tinha particularidades físicas e comportamentais, nesse caso as pessoas que freqüentavam a pequena taberna tinham traços de peixes.
Notou a garçonete, Grace Golfinho, filha de Jules, simpática e humilde, sempre distraída em pensamentos e devaneios, aproveitava qualquer parada no serviço para ficar olhando pela janela e pensando longe. Concluiu q essa deveria ser a forma dela de fugir dali, a imaginação.
Grace adorava aprender coisas diferentes, era uma alma livre, porém preso numa vida pacata. Queria fazer grandes feitos, escrever grandes peças de teatro, mas a realidade limitada de seu cotidiano lhe colocava para baixo de tal forma q nunca conseguia terminar de escrever uma peça sequer, mesmo se fosse teatro infantil. Considerava-se uma pessoa boa e justa de coração, nunca negara ajuda a ninguém, porém as pessoas negavam-lhe ate o bom dia. Esqueciam dela quando não mais precisavam.
"As pessoas julgam tudo o que vêem, diminuem-me por eu ser garçonete ao invés de imperatriz ou comerciante" pensava ela.
A verdade é q Grace era também muito sensível, chorava noite sim noite não pela falta de atenção dos clientes para com ela, por mais q sorrisse e dissesse bom dia, não passava de um funcionário para o povo dali.
Começou a filosofar imaginando um paradoxo entre a amizade e os pratos.
Cansada de apenas servir pratos-amizade às pressas às suas respectivas mesas, pensava a tempos numa melhor forma de servir ao mundo seu amor inesgotável, porém armazenado em um já amargurado e receoso recipiente em formato de coração. Muitas vezes perguntou-se o que seria a amizade, a conta obrigatória que seus clientes pagavam ou a gorjeta que, satisfeitos, lhe deixavam.
Sabia q o misterioso andarilho tinha fama de sábio, alguns diziam q ele era filósofo, outros um monge, outros q seria um bruxo, diziam também q ele era um demônio do pior tipo, mas quem não era quando provocado? Ele chamava mesmo atenção com sua roupa montada com peças de várias regiões, sinal de q deveria ter viajado por muitos cantos. Grace aproveitou a hora mais tranqüila do serviço e dirigiu-se a cozinha. Contou ao andarilho suas analogias filosóficas e reflexões sobre o amor própio, a amizade e a solidão. Tinha medo de q ele julgasse seus pensamentos, se ele não a ouvisse ninguém mais o faria. Curiosa, porém já sem esperanças, perguntou-o:
"_Andarilho, o que seria a amizade, a conta que se paga por obrigação, a gorjeta paga por bondade ou o almoço self-service?"
August continuou mexendo na panela de sopa com sua grande colher de pau e com seu já famoso ar calmo, com um silêncio demorado e um olhar perdido, como que buscando velhas lembranças respondeu-lhe com sua voz calma e emotiva:
"_Amor é mastigar de olhos e boca fechados para melhor sentir o sabor da comida, é saber que tudo é necessário para alimentar-nos internamente, independente do sabor, amor é o tempero aplicado aos alimentos na esperança de melhorar seu sabor.
Solidão é comer sozinho um prato para dois, pois se come demais, de menos ou sem vontade. Comer numa mesa com duas cadeiras e dois pratos esperando por alguém para jantar, alguém q nunca virá.
Amizade é quando se prepara um saboroso prato e se faz questão de convidar alguém para deliciar-se junto a tí. Alguns repetem o prato, alguns não gostam, outros são alérgicos, outros não vêem motivos comercialmente plausíveis para jantar em sua casa e só o fariam se fosse uma reunião de negócios.
Amizade verdadeira e justa é cozinhar para alguém e só voltar a fazê-lo se esse alguém oferecer-se a ajudar a lavar os pratos.
Já amor próprio, meu amigo, é quando perde-se a preguiça de ser servido e cozinhar para si próprio e passasse a fazer a própria comida. É passar deliciosos e preciosos minutos temperando uma salada para ser comida só tendo consciência de que antes de acertar a dosagem de temperos deverá errar muito, salgar muito ou de menos ou até mesmo comer cru.
Amor próprio é cozinhar sozinho para comer sozinho por saber que comida não só alimenta e sustenta o corpo como também, e principalmente, é uma fonte de prazer gustativo que alimenta a alma."
Grace escutou tudo de boca aberta, não sabia distinguir o que aquelas palavras despertaram, uma mistura de proteção, alegria eufórica e lição de moral. Sentia que havia aprendido uma grande lição. Só consegui esboçar um sorriso, tão grande e simpático quanto o sorriso de seu pai e August sorriram de volta.
Antes q ela pudesse dizer algo ele complementou:
"_Há muito tempo eu a observo a distância, sei q és bondosa e que usam-na por isso, acreditas em magia?"
"_Sim, acredito, mas de q tipo de magia vc fala?"
"_Do tipo de magia q faz milagres, q muda as pessoas, transforma homens em sapos e vice-versa"
"_Magia Negra?"
"_Não, pior, amor hahaha"
Ambos riram e ele finalizou:
"_Sabes q dizem q sou bruxo, não nego, também não afirmo, mas se vê magia nas palavras, cada texto será profecia, se vê magia no perfume de uma flor, um jardim será igreja!
_Vou profetizar algo, amanhã pela manhã terás lágrimas doces e conhecimentos concretos!"
Ela não entendeu o que aquilo queria dizer,mas concordou com a cabeça e agradeceu pela conversa, foi deitar-se sentindo-se mais leve. No dia seguinte foi acordar August para o desjejum matinal, mas viu q seu quarto estava vazio e havia uma carta em cima da cama. Ela correu para a cadeira de balanço onde seu pai estava sentado, fumando um cachimbo e balançando-se enquanto olhava o belo nascer do sol sob o lago.
Atônita pela ausência de August ela disse:
"_Pai, August..."
"_Isso mesmo filha, ele foi de manhã, agradeceu pela hospitalidade e disse-me q deixou uma carta para vc."
Ela correu tentando disfarçar as lágrimas emocionadas, apegara-se tanto a ele, aprendera com ele, não havia tido tempo de agradecer as palavras poéticas e filosóficas de August no dia anterior. Pegou a carta e leu:
Querida Grace,
"Se esta lendo esta carta é porque, como era esperado, eu parti, sempre parto quando gosto de alguém, é um mal habito que.. bem.. é um mal habito. Ás vezes temos uma longa jornada a calcar e gostar de alguém torna-se um peso, uma obrigação pesada demais para levar nas costas.
Fui em busca de meu coração perdido, mas antes fiz para vc uma oração, leia com atenção e fé, pois se acreditares no q lê, ira transformar o texto em um texto mágico. Ele diz respeito a sua forma de gostar e criar expectativas quanto aos outros. Lembre-se das palavras abaixo toda vez que alguém diminuí-la."
"Eu me amo de uma forma muito mais sincera, bonita e madura do que você poderia me oferecer.
O amor próprio é a auto-preservação agindo contra a auto-depreciação em forma de auto-proteção.
Arrogância, ódio e inveja são características úteis desde que se saiba assumi-las e usá-las como forma de aperfeiçoar-se no grande desafio da auto-aceitação.
A sinceridade desolante e melancólica de um suspiro é a força descomunal e desaceleradora de um bocejo. É um sinal de que seu corpo esta mudando de velocidade reacionária.
Você divide, soma ou apenas oferece sua amizade em uma límpida bandeja de prata para depois apresentar a conta?
Amor involuntário é bipolaridade,
amor incontrolável é histeria eufórica,
amor inesgotável é budismo gratuito e servido instantaneamente à mesa de criaturas geralmente afetivamente predatórias e egoístas."
Emocionada mais uma vez, Grace chorou, não podia conter as lágrimas em seu rosto, mas chorava de uma forma calma, plácida, de uma forma gostosa, finalmente havia compreendido a profecia que o demônio, ou melhor, August fizera no dia anterior.
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Esse é um dos contos sobre August Demon, um personagem O.C. criado a tempos atraz pra extrapolar minha bipolaridade e filosofía em textos.
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